Nevos melanocíticos – “sinais”

Rui CabanitaInfo & Conselhos

Os nevos melanocíticos, que vulgarmente se designam por sinais, são frequentes e praticamente existentes em todos os indivíduos (Fig.1).

Aparecem em qualquer localização na pele, sendo usualmente castanhos e apresentando várias dimensões e formas. A sua cor é conferida pela presença de um pigmento dentro das células designado de melanina.

Os nevos melanociticos tem o seu padrão próprio de desenvolvimento ao longo da vida. Inicialmente são achatados sem relevo de cor castanha ou preta (Fig.2), aumentam gradualmente de dimensões, tornando-se aparentes á palpação e, por vezes, desenvolvendo pêlos no seu interior (Fig.3).

Este ciclo evolutivo normal termina pelos 50 anos de idade mas pode ser alterado por múltiplos factores como a exposição solar, a gravidez ou a toma de diferentes fármacos. Os factores mencionados provocam quase sempre modificações importantes no aspecto dos nevos.

Existem diferentes tipos de nevos, sendo que alguns possuem um maior risco de transformação cancerígena, para melanoma maligno, especialmente se foram sujeitos a exposições solares intensas e agudas nomeadamente durante a radérmico

Os nevos que surgem logo à nascença, designados nevos melanocíticos congénitos (Fig.4), tem maior probabilidade de se transformarem em melanoma maligno, especialmente se tiverem mais de 20 cm de maior eixo.

Os nevos designados de clinicamente displásicos merecem especial atenção e devem ser submetidos a um controlo rigoroso pelo dermatologista ou excisados. Apresentam vários dos seguintes sinais (Fig.5):

  • Assimetria: metade do nevo não combina com a outra metade;
  • Cores diferentes, nomeadamente diferentes tons de castanho, preto, vermelho, branco ou azul;
  • Diâmetro superior a 7 mm;
  • Elevação: o sinal apresenta relevo quando se passa com o dedo por cima.

Aconselha-se assim o auto-exame da pele, para despiste precoce de qualquer alteração efectuado nos seguintes moldes:

  1. Examinar, em frente um espelho, a parte anterior e posterior do tronco e braços com estes elevados;
  2. Flectir pelo cotovelo e examinar bem braços, antebraços e mãos;
  3. Observar a parte posterior das pernas e pés, nomeadamente plantas e espaços entre os dedos;
  4. Examinar, com ajuda de um espelho de mão, o pescoço e couro cabeludo afastando o cabelo por áreas;
  5. Finalmente observar as costas e nádegas utilizando um espelho de mão.

A maioria dos nevos é benigna e não carece de qualquer tratamento médico. No entanto, qualquer mudança de aspecto de um sinal existente, nomeadamente no tamanho, forma, cor, presença de hemorragia ou dor deve ser motivo de alerta.

Desta forma, é por vezes necessário excisar nevos com determinadas características para que possam ser submetidos a exame anatomo-patológico por microscopia óptica. A remoção precoce de um nevo oferece uma excelente hipótese de cura sendo os procedimentos utilizados habitualmente pouco complicados, rápidos e necessitando apenas de uma pequena anestesia local.

 

César Martins

Assistente Hospitalar Graduado de Dermatologia